A sociedade ocidental em sua grande parte vive uma filosofia hedonista, ou seja, a busca pelo prazer como principal fonte de felicidade. Tal conceito, aliás, distorcido e totalmente dependente da busca por prazeres materialistas e status. Talvez você discorde de mim, mas todos nós queremos algo em comum que é a felicidade, correto?
O conceito de felicidade é profundamente subjetivo e não cabe a mim ditá-lo a você. Entretanto, lhe convido para uma breve reflexão apoiada no Existencialismo do filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard.
O mesmo afirmou: "A raiz da infelicidade humana está na comparação.". Em uma análise empírica a partir da minha realidade como psicoterapeuta, noto que um dos fenômenos mais recorrentes no discurso dos sujeitos em terapia é a comparação com o outro. Fenômeno manifesto, muitas vezes, a partir das redes sociais, onde as pessoas ostentam as "melhores versões de si".
Kierkegaard pensou que comparar-se com os outros nos envolve na teia da insatisfação, afastando-nos de nossa essência e impedindo-nos de ser autênticos. Assim, não são as nossas necessidades reais que geram a ansiedade, a preocupação e a infelicidade, mas uma comparação constante, que nos move a desejar e consumir muito mais do que realmente precisamos. A comparação talvez não seja a única causa da infelicidade humana, mas certamente exerce grande influência.
Comparar-se com o outro só é válido quando serve de inspiração para que eu alinhe meu caminho. A partir do momento que deixo de reconhecer as minhas qualidades, conquistas e entro nessa competição desenfreada da busca pelo prazer, a comparação se torna um instrumento de autodestruição.
Para ir além da comparação, é necessário um relacionamento consigo mesmo, onde possamos encontrar a essência do que realmente precisamos para sermos felizes. Essa relação também possibilita descobrir, respeitar e valorizar o que somos e fugir do ciclo imposto pela comparação.
Uma sociedade que busca o prazer acima de tudo e a alimenta pela comparação e competição, está fadada ao adoecimento e à infelicidade.
Victor Eduardo de Borba
CRP 12/18860